Delírios: um mundo, um SGBD
Imagine se o mundo fosse um imenso SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados). Não nasceríamos, seríamos criados com um comando create database! Seríamos todos Bancos de Dados, conectados uns aos outros de alguma maneira, formando assim famílias e grupos de amigos. Nosso corpo seria uma interface gráfica para auto-acesso das informações contidas nas tabelas de nosso banco de dados. Haveria tabelas como gostos, preferencias, sentimentos, boas_lembrancas, mas_lembrancas (más lembranças), amigos, parentes_proximos, parentes_distantes e até doencas. O que aconteceria se algum outro banco de dados conhecido seu fosse deletado (amigo ou parente morresse)? O database deixaria de existir, mas e as referências a ele existentes em suas tabelas? Seríamos dissociados da emoção?
Se Nelson Rodrigues estivesse vivo, ele não escreveria sobre traição. Ele escreveria sobre como as pessoas se tratam e são tratadas como descartáveis: artigos para uso desprovidos de sentimentos. A procura pelo corpo do outro para a satisfação de seus próprios desejos se tranformou na tentativa fria de satisfazer o que fingimos sentir. A sensação de manipulação e poder escondida por trás da maneira high-tech que vivemos, e que muita gente nem vive, mas é manipulada por um inconsciente coletivo que sub-entende essas coisas, nos faz projetar nas pessoas os objetos, os brinquedos que gostávamos quando éramos crianças enquanto eram novidade, e que depois perdiam a graça, até que a gente pedisse um novo brinquedo para manter a emoção.
Acredito viver num mundo SGBD. É uma pena ter que seguir o pensamento da massa.
” O discurso do fim do corpo é um discurso religioso que já acredita no advento do Reino. No mundo gnóstico do ódio ao corpo, o paraíso é necessariamente um mundo sem corpo, cheio de truques eletrônicos e modificações morfogenéticas. ...Uma humanidade fora do corpo é também uma humanidade sem sensorialidade, amputada do sabor do mundo” David Le Bretton.
Se Nelson Rodrigues estivesse vivo, ele não escreveria sobre traição. Ele escreveria sobre como as pessoas se tratam e são tratadas como descartáveis: artigos para uso desprovidos de sentimentos. A procura pelo corpo do outro para a satisfação de seus próprios desejos se tranformou na tentativa fria de satisfazer o que fingimos sentir. A sensação de manipulação e poder escondida por trás da maneira high-tech que vivemos, e que muita gente nem vive, mas é manipulada por um inconsciente coletivo que sub-entende essas coisas, nos faz projetar nas pessoas os objetos, os brinquedos que gostávamos quando éramos crianças enquanto eram novidade, e que depois perdiam a graça, até que a gente pedisse um novo brinquedo para manter a emoção.
Acredito viver num mundo SGBD. É uma pena ter que seguir o pensamento da massa.
” O discurso do fim do corpo é um discurso religioso que já acredita no advento do Reino. No mundo gnóstico do ódio ao corpo, o paraíso é necessariamente um mundo sem corpo, cheio de truques eletrônicos e modificações morfogenéticas. ...Uma humanidade fora do corpo é também uma humanidade sem sensorialidade, amputada do sabor do mundo” David Le Bretton.
1 Comments:
At 7:27 AM, Anonymous said…
nesse contexto ainda há salvação. Nem todos vivem a vida com o modo SGBD ligado 24h. Tem muita gente que está ligado no sentimento. Basta apenas nao seguir essas as leis tao deterministas que voce encontra gente do bem.
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